segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pais de gêmeos também são gente!

Tudo começou quando os bebes tinham 3 meses de vida. Meu sogro nos convidou para passarmos o próximo réveillon num cruzeiro de 12 dias pela Europa. Com saída do porto de Southhampton, a 140 km de Londres. O cruzeiro em si nunca me animou muito*, mas a palavrinha mágica "Londres" sempre foi muito tentadora pra mim, o que me fez dizer "sim" sem raciocinar direito. Regra número um para papais de gêmeos: Raciocinar direito!
Com 9 meses pela frente até a data de partida, eu como mãe de primeira viagem, e isso não é um trocadilho proposital, imaginava que bebes de 1 ano fossem crianças mais independentes. Conforme os meses se passavam, meu desespero só aumentava. Pois via meus bebes como bebes. Eles continuavam pequenos, dependentes e vulneráveis. E minha cabeça de mãe super protetora e hiper organizada fervilhavam com a necessidade de informações que pudessem me ajudar a passar por essa viagem ilesa como mãe, mas principalmente como mulher.
Como pais de gêmeos, imagino que para chegarem a este blog, tenham pesquisado um pouco na internet a respeito. E provavelmente descobriram que existem muitas dicas de como viajar com bebes. Mas com gêmeos, é praticamente nulo. Existem dicas em sites das companhias aéreas, dos aeroportos, dos hotéis, em fóruns específicos, em sites de revistas da área, mas sobre gêmeos... como é difícil. Somos pais esquecidos no limbo!
Pais de gêmeos são gente também! Queremos jantar fora, ir ao cinema, assistir TV, viajar para lugares que não estejam apenas a um raio de 50 km! E que carma é esse que nos foi imposto que teremos que ser acompanhados eternamente por ajuda extra. Seja ela familiar ou comprada. Eu me recuso a ser dependente de terceiros pelo resto da vida. Sou cabeça dura, e sempre cuidei do meu nariz. Então imaginem agora, como mãe de gêmeos, o que mais me angustia, é não ter o total controle das situações. Por isso, pesquisei muito, e sem muito sucesso, resolvi absorver as informações de dicas para bebes únicos, interpretá-las e adaptá-las às nossas necessidades. Não posso dizer que foi mil maravilhas e que tudo saiu perfeito. Não saiu. Pelo contrário. Encontramos muitas dificuldades nos vinte longos dias de viagem. Tive que adaptar muitas coisas, o que minha experiência profissional como designer e produtora de eventos ajudou bastante, chorei várias vezes, me arrependi algumas, mas conseguimos sobreviver. Hoje, a maior lição que aprendemos foi a dar valor a nossa vida, nossa casa, nossa comida, nossa paz. Mas tenho certeza que se eu tivesse mais experiência e mais informações disponíveis, todo nosso stress seria minimizado. Por isso, caros papais curiosos ou desesperados por informações sobre o que fazer para viajar com a prole, farei todo o possível para passar as dicas mais valiosas para sua viagem ser o mais prazerosa possível. Lógico, dentro dos limites de prazer para papais de gêmeos!

*nota da autora. O porquê não sou fã de cruzeiros marítimos: Sou sagitariana, desesperada por individualidade, liberdade, e desprendimento. Apesar de todo o luxo que um cruzeiro possa oferecer, me sinto obrigada a permanecer num local onde não tenho direito de escolha de ir e vir, e isso me tira o bom humor. Para aqueles que são fãs e adoram, curtam por mim. E para aqueles que nunca foram, vale a pena conhecer. Afinal, a opinião só se forma com a experiência!

Onde o blog começou.

Escrevo esse primeiro post do navio Independence of the Seas, aportado em La Coruna, Espanha. 
Parece que foi ontem. Já faz um ano que os gêmeos nasceram. Foi um réveillon tumultuado. No hospital Pro Matre, ao lado da Av. Paulista, com milhares de corredores saltitantes de todo o Brasil para disputar a São Silvestre, dormindo num flat, ceiamos salgadinhos fritos da única padaria aberta, com um corte na barriga do tamanho de meio palmo, meus pés pareciam uma bola que até chacoalhavam quando eu caminhava, o que eu era obrigada a fazer de três em três horas para amamentar hora um bebê hora outro. Que réveillon! Estávamos aliviados pelos bebes estarem bem, com chance de sair a qualquer momento, e que um parto que poderia dar muita coisa errada, abencoadamente foi perfeito. Eles nasceram com 33 semanas.
Sem me prolongar nesse assunto neste momento, o nosso réveillon não foi dos melhores, mas o primeiro dia do ano foi realmente "ano novo vida nova". Primeiro de janeiro de 2011 tiveram alta! Chegamos em casa sozinhos com os babys. Foi o re-inicio de nossas vidas, numa jornada enlouquecedoramente maravilhosa.